Um dos dilemas da pós-modernidade e de outras épocas também é o uso de drogas ou substâncias psicoativas. Mas, nunca antes, em toda a história da humanidade, assistiu-se a escalada crescente de consumo e produção de drogas. E por que não dizer em caráter industrial como mercadoria observando o ciclo capitalista de oferta e demanda, ou seja, a lógica mercadológica como mais um produto qualquer dentre outros numa estrutura ilegal paralela.
Em meio a tudo isso onde está o homem e suas vicissitudes? O que tem feito com suas angustias, inquietações, temores, dores, etc? Parafraseando um famoso filosofo, Blaize Pascal, que dizia que o homem não suporta estar sozinho consigo mesmo. Quando se está só, vem à tona a nossa voz interior, muitas vezes emergindo coisas das quais não queremos ver, ouvir e muito menos sentir.
Então, a solução alguma vezes adotada é fugir de si mesmo e todas nossas mazelas pessoais, ou simplesmente, viver a vida “curtindo adoidado” numa inconseqüência desenfreada. E, afinal, sofrer pra quê? Não é como dizem: “há remédio pra tudo”?
Parece que há uma ditadura do prazer e hedonismo. Querem abolir o sofrimento, aquele responsável pela lapidação do ser humano a qual nos ensina através das dificuldades e adversidades que a vida nos impõe. Talvez esse seja um dos mistérios do ser humano, estamos todos fadados a buscar um sentido, uma tradução ou uma explicação para nossa efêmera existência. Pois os instintos não nos governam como noutras épocas e, por mais paradoxal que pareça, a nossa ciência e conhecimento cujo legado não trouxe até agora a resposta que tanto procuramos.
Com certeza não será a droga, comprimidos da felicidade, crack, álcool que vai delinear os contornos da nossa existência por mais que apelem para as saídas fáceis e instantâneas. Essa tarefa, no final, cabe a cada um de nós.
Camocim, Ceará, 31 de outubro de 2011
Autor: Hélio Remo de Magalhães Rolim
Psicólogo do CRAS - I